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Energia renovável: 2013 saiu melhor que a encomenda
Começo de ano é aquela época carente de notícias ocupada pelas indefectíveis retrospectivas. Mas para o setor elétrico, o balanço dos principais fatos ocorridos se justifica.
Ao contrário dos prognósticos desanimadores, o ano não viu o retorno das térmicas a carvão e foi dominado pela contratação de eólicas, biomassa e dos primeiros parques solares.
Em janeiro de 2013, o nível dos reservatórios das hidrelétricas se encontrava novamente abaixo da média, suscitando mais um grande debate sobre a perda da segurança do sistema energético. O governo acenou com a revisão do planejamento de médio e curto prazo, como forma de minimizar o risco de suprimento.
As térmicas teriam uma participação crescente na matriz no horizonte de médio prazo. As justificativas seriam as dificuldades técnicas à expansão de hidrelétricas com reservatórios, por conta das baixas quedas d´água dos rios amazônicos, e a oposição de movimentos e organizações socioambientais a esses projetos.
Fontes renováveis como eólica e solar foram novamente desqualificadas como intermitentes, reforçando as térmicas como a alternativa ideal para resolver o problema. Dentro dessas, o carvão seria o combustível de preferência, diante da dificuldade logística e econômica do gás natural.
Felizmente, a diferença entre o discurso e a prática foi grande.
Sucesso das renováveis
Depois de quatro leilões para a contratação de renováveis e térmicas -
A energia eólica se superou novamente. O setor driblou as novas exigências de conexão dos parques e garantia de geração de energia. Foram contratados mais de 4.700 MW, uma marca histórica que dobra o recorde anterior, de 2.800 MW em 2011;
Depois de alguns anos em hibernação, as PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) reapareceram, contratando 526 MW em projetos concentrados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-
As térmicas contratadas foram todas a biomassa. O total superou os 800 MW e ajuda o setor, que ainda padece de condições desiguais de competitividade em relação às eólicas;
No campo das térmicas fósseis, não houve contratação de gás ou carvão em 2013. O preço e a disponibilidade do gás dificultaram sua participação nos leilões. Já as usinas a carvão, a despeito do lobby do setor e da abertura governamental, tampouco mostraram condições de competitividade diante da biomassa -
A energia solar foi finalmente incluída nos leilões A-
Em resumo, não apenas terminamos o ano sem as térmicas alardeadas, como contratamos 85% de toda a energia com biomassa, solar e eólica -
Se este ritmo se mantiver em 2014, não é exagero afirmar que as renováveis ditas complementares continuarão a ocupar os espaços de expansão da demanda energética -
Texto: Ricardo Baitelo
Foto: Parque eólico de Osório, RS, Brasil -