Menu principal
Crise de Água em SP já fechou 3 mil empregos industriais
Levantamento da Fiesp mostra que em cada três empresas, duas temem racionamento
A crise hídrica no Estado de São Paulo gera um horizonte de incerteza para a atividade industrial, afirmou Eduardo San Martin, diretor do Departamento de Meio Ambiente (DMA) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp).
San Martin comentou os números revelados por pesquisa realizada com 413 indústrias pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) das entidades (veja a abaixo). De acordo com o estudo, 64,9% das empresas avaliam que um eventual racionamento de água teria impacto sobre seu faturamento.
“Essa pesquisa nos mostra que 75% das indústrias de grande porte estão preocupadíssimas”, destacou. “Nós não sabemos o que vai acontecer. Dependemos de algo que não está a nosso alcance [a possibilidade de chuvas].” “A indústria está sendo punida”, reforçou o diretor.
Embora as empresas, por questões estratégicas de mercado, não divulguem seus números, segundo San Martin é possível perceber sinais concretos de como a escassez de água tem afetado a atividade industrial na região das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que reúne pelo menos 50 municípios paulistas e quatro de Minas Gerais.
“Sabemos que quase três mil postos de trabalho deixaram de existir. Existem empresas que eliminaram um turno de produção. Temos empresas que estão deixando de se instalar porque não recebem licenças ambientais. Porque não conseguem receber licenças para captar água. Isso sem falar daquelas que não conseguem ampliar as suas atividades.”
O diretor destacou que na região existem 75 grandes indústrias que respondem por 75% do consumo de água industrial. “Essas indústrias podem ter cada vez mais prejuízo na sua capacidade produtiva se esse bem natural faltar, lembrando que em 2008 as indústrias dessas bacias hidrográficas tinham autorização para captar 14,31 metros cúbicos por segundo e que esse volume caiu quase pela metade.
“As empresas estão tendo inúmeras dificuldades para conseguir outorga”, referindo-se ao anúncio de que a Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos iria autorizar a captação de água subterrânea.
“O que nos entristece é que há dez anos aquele que administra os reservatórios de água de toda essa região do Estado (Sabesp) já sabia que deveria ter sido feito alguma coisa e não fez˜, criticou.
“Não é admissível que quem decida o sistema de operação seja a Sabesp, enquanto muitos municípios não são operados pela Sabesp, que é o caso de Campinas, que luta para receber água para toda a sua população.”
Preocupação
A possibilidade de um racionamento de água ainda este ano é um fator de preocupação para 67,6% das 413 indústrias ouvidas em pesquisa realizada pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp).
O levantamento foi feito entre os dias 12 e 26 de maio com 229 empresas de micro e pequeno porte (até 99 empregados), 140 de médio porte (de 100 a 499 empregados) e 44 de grande porte (500 ou mais empregados).
Ele revela que são justamente as empresas de grande porte as mais preocupadas (75% ante 68,1% das pequenas e 64,3% das médias).
Já pensando nas consequências de uma interrupção no fornecimento de água, 64,9% das empresas avaliam que a medida teria impacto sobre seu faturamento: 17,9% avaliam que o impacto seria “forte” enquanto para 47% seria “pequeno”.
As empresas de grande porte foram as que mais indicaram impacto sobre o faturamento: “pequeno impacto” para 50,0% das grandes ante 48,9% das pequenas e 42,8% das médias; “forte impacto” para 29,5% das grandes ante 17,9% das pequenas e 14,3% das médias.
Parada na produção.
Das indústrias ouvidas, 62,2% indicaram que a produção pode ser prejudicada, mas não precisa ser interrompida em caso de racionamento. Para 11,9%, a produção é paralisada apenas no momento da interrupção e retomada em seguida. Já 12,1% responderam que a produção não seria afetada.
Das empresas de grande porte, 13,6% afirmam que teriam que paralisar a produção durante a interrupção, ante 12,2% das pequenas e 10,7% das médias. E 11,4% das empresas de grande porte explicam que, além de interromper a produção durante o corte do fornecimento, a retomada não ocorreria logo em seguida, demorando bastante tempo, o que foi apontado por apenas 3,9% das pequenas e 9,3% das médias.
Para 2,2% das empresas, um eventual racionamento acarreta em grandes perdas, pois todo material momentaneamente processado seria perdido.
Das empresas que participaram da pesquisa, 54,5% não possuem uma fonte alternativa de água, enquanto 21,8% possuem e são capazes de manter a produção durante eventuais interrupções, enquanto 20,8% não dependem do sistema de de abastecimento de água.
Fonte: ABCD Maior