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ONGs apontam erros na administração do sistema
Cantareira, em São Paulo
Duas dezenas de organizações lançam na quarta (29) uma Aliança pela Água de São Paulo. A articulação surge para combater o que avaliam como falta de ação do poder público e erros na administração dos sistemas de produção, sobretudo o Cantareira.
Para as ONGs, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e a Sabesp, a empresa estadual de saneamento, se omitem e escondem informações. Segundo dados do ISA (Instituto Socioambiental), a retirada do Cantareira na seca sem precedentes da estação chuvosa de 2013/14 foi mantida inalterada por cinco meses, de outubro a fevereiro.
De um lado, as chuvas encolheram até 72% abaixo da média histórica nesse período. O volume armazenado no Cantareira despencou de 37% para 16,4%, mas a produção seguiu em torno de 32 m³/s.
"A crise deve se agravar em 2015, uma vez que todos os mananciais estarão depreciados, e não só o Cantareira", afirma Marússia Whately, do ISA, que coordenou o mapeamento dos problemas com a ONG Cidade Democrática.
Elas também criticam o aumento apenas contábil da reservação disponível. Além do volume morto, apontam a portaria 1.213 do Daee-SP (Departamento de Águas e Energia Elétrica), de 2004, que permitiu incorporar volumes de reserva para enchente e estiagem ao volume útil, um adicional fictício de 17%.
A nova articulação pretende melhorar a qualidade e a disseminação das informações para enfrentar a crise.
O Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), um dos participantes, entrou com um pedido, por meio da Lei de Acesso à Informação, para que a Sabesp divulgue onde e quando vai faltar água na Grande São Paulo como resultado do racionamento branco –a "redução de pressão"– que a empresa vem praticando.
Após vários recursos e atrasos, conseguiu na sexta-feira (24) 13 mapas com "zonas de coroa", curvas de nível críticas que favorecem a interrupção do abastecimento.
"Sabemos que a área afetada é muito maior que isso. É um desserviço", diz Carlos Thadeu de Oliveira, do Idec.
OUTRO LADO
A Sabesp diz que encaminhou todas as informações pedidas pelo Idec. Sobre a retirada do Cantareira, afirma que executa as determinações da ANA (Agência Nacional de Águas). Em relação à redução de pressão, a companhia reitera que controla perdas de água usando essa técnica desde 2007.
Fonte: Folha de São Paulo